O Centro Histórico de Salvador está normalmente em evidência no cenário nacional. Mas, nos últimos dias, as ruas do Pelourinho ganharam visibilidade por estarem nos noticiários policiais. Os comerciantes da região já vinham relatando a ausência de investimentos e incentivos culturais durante o período outono-inverno, mas o caso se agravou a partir do crescimento de assaltos na região.
O caso mais emblemático envolveu dois turistas da Romênia, que ficaram feridos no dia 22 de abril. Os suspeitos até foram identificados pela Polícia Civil, mas até o momento ninguém foi preso. O caso, segundo a PC, segue em investigação.
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Em entrevista ao iBahia, o empresário da região Paulo Rogério Nunes contou que a situação não é vista desta forma - ou nesta magnitude - há mais de 20 anos. "É triste. Esse não é um problema de uma pessoa ou entidade, é da sociedade baiana. Durante o dia, passa a impressão de que está ok. Mas, quando começa cair à noite é dramático", explicou ele.
O co-fundador da organização de impacto social e inovação Vale do Dendê disse ainda que muitos comércios fecharam as portas diante da quantidade de ações criminosas e da falta de circulação de turistas. "Tem muitos projetos e ideias para o Centro Histórico, mas a situação está dramatica. Nos últimos meses, eu posso contar uns 5 negócios fechados. E pelo que estou vendo isso só vai crescer...Eu acho que é falta de planejamento e continuação do projetos. Para o empreendedor é muito difícil."
A Associação Centro Histórico Empreendedor (ACHE), que reúne os comerciantes da região, apresentou uma série de ações nas áreas de segurança pública, assistência social, trânsito, limpeza urbana, iluminação, manutenção e cultura. O documento foi acolhido pela Prefeitura.
A ACHE protocolou ainda um pedido de audiência em caráter de urgência para tratar da situação do Centro Histórico ao governador Jerônimo Rodrigues, mas até o momento não recebeu nenhuma resposta.
Veja documento completo abaixo:
Vale ainda pontuar que a entidade prevê uma ação na sexta-feira (28) no Terreiro de Jesus para evidenciar a sociedade baiana toda situação, que envolve " segurança pública, ordenamento dos informais, assédio e extorsão aos visitantes, preservação do patrimônio, e falta de infraestrutura".
O presidente da Associação, José Iglesias Garcia, defendeu a parceria entre as três instâncias de poder – municipal, estadual e federal e gostaria de ver todos juntos nessas ações. “A nossa associação é apartidária e o que queremos é que a Prefeitura, o Governo do Estado e o Governo Federal unam forças e trabalhem a favor do Centro Histórico de Salvador e do turismo, principal atividade econômica da cidade”, afirmou.
REAÇÃO DO GOVERNO
Após tantas reivindicações e reclamações dos moradores, turistas e comerciantes, o Governo do Estado e a Prefeitura de Salvador anunciaram medidas a favor do Pelourinho e bairros adjacentes. Nesta quinta-feira (27), a Secretaria de Segurança Pública (SSP) reforçou o policiamento no local com 30 novos soldados da Polícia Militar.
Os policiais, que farão o patrulhamento preventivo e repressivo, foram formados no dia 17 de abril. Os militares, incorporados ao 18° Batalhão da Polícia Militar (Centro Histórico), atuarão nas localidades do Pelourinho, Santo Antônio Além do Carmo, Terreiro de Jesus e Praça da Sé. Equipes do Beptur e do Águia também seguem na região, ampliando o combate à criminalidade.
Em paralelo, a Prefeitura de Salvador convocou uma coletiva de imprensa para anúncio de medidas e ações em todo o Centro Histórico, também hoje. A expectativa é que Bruno Reis anuncie a criação do Distrito Cultural do Centro Histórico, que abarca as regiões da Gamboa de Baixo, Comércio, Pelourinho e Santo Antônio Além do Carmo. Este distrito funcionará como uma sub-prefeitura de bairro exclusiva para a região.
Mayra Lopes
Mayra Lopes
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