No primeiro dia de retomada da travessia entre Salvador e Mar Grande, os passageiros notaram uma mudança na conduta da tripulação: cinco minutos após a saída da embarcação, um dos marinheiros ensinou como utilizar os coletes salva-vidas em uma situação de emergência.
A primeira lancha que deixou a capital rumo à Ilha foi a Bahia Express, por volta de 7h35. O serviço estava suspenso desde a manhã da última quinta-feira (24), quando a embarcação Cavalo Marinho I adernou na Baía de Todos os Santos com 124 passageiros à bordo - 19 morreram e um segue desaparecido.
Tripulante mostra como usar colete na primeira travessia pós-tragédia que deixou 19 mortos
O colete usado estava sujo e um pouco desgastado, mas não atrapalhou a aula. "Faço essa travessia há nove anos e nunca vi esse tipo de simulação. Uso a lancha duas vezes na semana e eles nunca deram esses ensinamentos para a gente, mas que bom que o acidente serviu para que esse comportamento mude, porque esse tipo de conhecimento é importante", contou a dona de casa Ednalva Bittencourt, 57 anos.
Nesta manhã, a procura pelo embarque foi baixa e teve quem até dormisse no caminho. O dia ainda estava escuro quando os primeiros passageiros chegaram no Terminal Náutico de Salvador.
Às 7h teve início o embarque, mas os funcionários não tiveram dificuldade para organizar a fila porque pouco mais de 50 pessoas procuraram o serviço.
A lancha tem capacidade para 145 passageiros no convés inferior e outros 20 no convés superior, além dos quatro tripulantes. Um aviso na parede diz que existem 186 coletes salva-vidas. Todos empilhados no teto e em um armário no final da embarcação.
A Bahia Express deslizou pela Baía de Todos os Santos sobre um mar tranquilo, com poucas ondas, e embaixo de um céu azul. A travessia não teve contratempos e muitas passageiros aproveitaram para ouvir música, ler jornal e teve até quem aproveitou os 40 minutos da travessia para tirar uma soneca.
A chegada em Mar Grande foi tranquila. A maré alta facilitou o atracamento da embarcação e os passageiros desembarcaram sem dificuldade. No dia da tragédia a maré estava seca.
A recepção em Mar Grande foi tranquila, sem aglomeração. O terminal está passando por reformas e os passageiros chegaram à ilha ao som do martelar de pregos e do bater das madeiras.
Quem estivesse chegando na cidade hoje, pela primeira vez, não acreditaria que essa baía foi a mesma onde 19 pessoas morreram na semana passada. Quem olha para o lado esquerdo, ao descer das lanchas consegue ver no horizonte a Cavalo Marinho I encalhada sobre os corais, enquanto à direita panos pretos, velas, flores e cartazes adornam o letreiro da cidade, formando uma espécie de memorial aos mortos.
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Redação iBahia
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