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16 anos: Idade tem crescimento entre as primeiras mil mortes

Entre as vítimas, a maioria dos crimes aconteceu em Salvador (16), seguido de Camaçari (8), Candeias (1), Lauro (1), Madre de Deus (1) e Vera Cruz (1)

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Redação iBahia

04/09/2016 às 11:37 • Atualizada em 26/08/2022 às 18:49 - há XX semanas
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Aos 16 anos, adolescentes vestem a farda e vão para a escola. Entre as aulas, em geral, do 2º ano do ensino médio, gastam um tempinho no celular, em conversas do WhatsApp e, quem sabe, jogando uma rodada de Pokémon Go. Mas 28 adolescentes de 16 anos, em Salvador e Região Metropolitana (RMS), não terão tempo para isso. Foram assassinados, a maioria a tiros, em Salvador ou nas outras 12 cidades da Região Metropolitana. O número, levantado pelo CORREIO para o especial Mil Vidas, feito desde 2011 sempre que se alcança o milésimo homicídio na capital e RMS, contabiliza as mortes de adolescentes de 16 anos somente até o dia 28 de junho deste ano, quando a marca foi atingida. Se contados os casos até a última sexta-feira, o número sobe para 38, um aumento de 35%.Entre as novas vítimas está Renata Carneiro Cruz, morta no último final de semana de agosto, em Camaçari, junto com a irmã e uma amiga, ambas de 17 anos. Segundo a polícia, todas tinham envolvimento com o tráfico.

				
					16 anos: Idade tem crescimento entre as primeiras mil mortes
As irmãs Renata e Vitória (de calça azul) e a amiga Emilly foram mortas na noite do último dia 26 (Foto: Reprodução/Facebook)
Incremento Aos 16 anos, é o maior crescimento no número de mortes de uma faixa etária para outra. Até o dia 28 de junho, oito adolescentes de 15 anos haviam sido assassinados. A faixa de idade seguinte, 16 anos, teve 28 vítimas, nada menos que 20 a mais: um aumento de 250% no número de mortes.No grupo dos mil primeiros homicídios em Salvador e RMS, há vítimas entre 13 e 69 anos, sendo 54, 65 e 68 anos as únicas faixas etárias sem vítimas. Em 24 situações, houve redução no número de homicídios de uma idade para outra. Em geral, os números começam a crescer a partir dos 15 anos e a cair a partir dos 41 anos. A maior parte das vítimas dentre os mil homicídios tinha 23 anos de idade – foram 45 pessoas. Entre as vítimas de 16 anos, a maioria dos crimes aconteceu em Salvador (16), seguido de Camaçari (8), Candeias (1), Lauro de Freitas (1), Madre de Deus (1) e Vera Cruz (1). Mais vítimas que algozes Segundo dados levantados pela titular da Delegacia do Adolescente Infrator (DAI), Claudenice Mayo, para a dissertação de mestrado intitulada “O adolescente pobre e o envolvimento com o tráfico de drogas em Salvador”, dos 29 homicídios envolvendo adolescentes (de 12 a 27 anos) em Salvador no ano passado, 18 tinham sido motivados pelo tráfico (62%). Também de acordo com a pesquisa da delegada, “o número de adolescentes que são vítimas de crimes de homicídio é bem maior do que cometem o crime”. Ainda assim, a delegada diz ser comum que os adolescentes sejam mortos por outros jovens da mesma idade. É o que pode explicar a tese do sociólogo César Barreira, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), de que há muitas mortes provocadas por conflitos entre jovens. Para ele, embora o tráfico contribua para o volume de mortes e para um armamento cada vez mais precoce, nem tudo se deve às drogas. “É um momento em que não há diálogo e existe a presença das armas de fogo. O diálogo desaparece e se usa a arma para a resolução dos problemas”.Narcotráfico A delegada pontua que o crescimento no número de adolescentes morrendo aos 16 anos em Salvador é recente. E, para ela, o tráfico é o principal responsável por isso. “Começou de uns anos para cá e só um ou outro é vítima de bala perdida. A maioria dos que morrem é porque tem envolvimento com o tráfico ou então porque é usuária, não tem como pagar a dívida, o que leva à morte”, aponta. Na pesquisa desenvolvida para o mestrado, a delegada chegou à conclusão de que cerca de 80% dos adolescentes que matam também têm alguma ligação com o tráfico de entorpecentes.Presidente do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca-BA), Waldemar Oliveira diz que os jovens vêm sendo cooptados cada vez mais cedo para o tráfico de drogas. “Os jovens morrem porque são consumidores, compram a droga e não pagam, ou porque vendem uma parte e não repassam o dinheiro para o traficante, ou morrem na disputa por pontos de tráfico. Por fim, morrem em confrontos – ou não – com a polícia”, diz, concluindo não ver políticas públicas que objetivem a retirada desses jovens da influência do crime. Procurada pelo CORREIO, a Secretaria Nacional da Juventude disse que mantém o Plano Juventude Viva, voltado para a erradicação da violência contra jovens, sobretudo negros. Mas o programa está sendo reformulado e, por isso, parado. Desde 2012, quando foi lançado, o plano ofertou 44 programas e ações de 11 ministérios nos 142 municípios que concentravam os mais altos índices de mortes. O último edital, lançado em novembro de 2015, foi cancelado após corte de verba.Mapa da violência Em 2014, mais da metade das vítimas de homicídios por arma de fogo no Brasil era considerada jovem - 59,7% tinham entre 15 e 29 anos. Os números são apontados pelo Mapa da Violência 2016. Aos 16 anos, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes foi de 39,2% também em 2014 – o percentual quase dobra em relação à taxa verificada em vítimas de 15 anos (21,2%) e é maior do que a taxa de mortes aos 30 anos.Para SSP-BA, a saída está em cursos e na inclusão social A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou, em nota, que além de investir na melhoria do policiamento – 1.700 PMs e 557 novos escrivães e delegados em 2016 –, promove ações para inclusão de jovens. “Apesar de estar fora de nossa atribuição legal, sabemos que o investimento em ação social evitará que crianças e adolescentes sejam cooptados pelo tráfico de drogas. Precisamos do apoio da sociedade e das instituições públicas para avançar”, disse o titular da pasta, Maurício Barbosa. O Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que forma jovens desde 2002, capacitou 60 mil alunos em 664 escolas de 77 municípios em 2015. A meta é atingir 80 mil crianças e adolescentes este ano. Cerca de 5 mil jovens participam ainda de cursos de música (alguns deles selecionados pela Orquestra Neojibá), informática, artes marciais, além de reforço escolar, diz a pasta, em nota.

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