Pequi, jatobá e araticum: conheça picolés com sabores inusitados

Sorvetes feitos com frutas típicas do oeste da Bahia estão entre as curiosidades da Bahia Farm Show 2023, na cidade de Luís Eduardo Magalhães. Nada comuns entre os produtores da sobremesa, os sabores tem chamado atenção dos visitantes e são destaque da Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária montada no evento.

A ideia chegou à feira por Bartolomeu Rocha, que administra a empresa Sabores do Cerrado. Natural de Cristopólis, a cerca de 160 km de Luís Eduardo Magalhães, a marca produz sorvetes e picolés com as frutas que são cultivadas pelas famílias da região. Pequi, jatobá e cascudo, que é mais conhecido como araticum, são as mais inusitadas.

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“Essa ideia surgiu pelo nosso contato. Eu sou da divisa da caatinga com o cerrado, e desde criança tenho contato com os frutos. Foi o que fez despertar o interesse em criar essas receitas com os sabores de frutos atrativos do cerrado”, contou Bartolomeu em entrevista ao iBahia.

A venda das frutas para a sorveteria, que ainda não tem um terreno para fazer a plantação própria, vem valorizando a coleta nativa e se tornou uma renda a mais para essas pessoas. Segundo Bartolomeu, todos são donos de pequenas propriedades, o que incentiva ainda mais a agricultura familiar.

“Existe um grupo de pessoas que nos vende esses frutos e a gente tem essa parceria. Eles coletam, trazem e a gente compra. Algumas frutas a gente mesmo despolpa lá na sorveteria e outras a gente compra já despolpada mesmo deles".

A partir daí, a outra parte da produção começa, com a fermentação e a mistura com outros ingredientes, até chegar ao ponto das receitas feitas pela empresa.

“A produção de picolé com frutas do cerrado é um pouco complicada, porque sofre uma variação de fermentação. Tem anos que ele está mais forte, outros mais fraco, e isso é normal em fruto do cerrado”.

Uma função que dá trabalho, mas que rende mais do que somente os sorvetes. De acordo com bartolomeu, os frutos que são despolpados na sorveteria têm as sementes plantadas para ajudar na conservação do bioma.

“É uma forma de manter o fruto. Uma grande maioria está sumindo. Alguns estão ficando escassos, e essa é uma forma de que a gente consiga ter lá na frente e mostrar para as futuras gerações”.

Além de ajudar a agricultura familiar, o produtor tem como objetivo valorizar as frutas, preservar também a cultura e expandir o alcance para outras regiões do estado. E a curiosidade é o que mais atrai os clientes, conforme contou Bartolomeu.

“A curiosidade é grande. Quando o cara vê um picolé de pequi ou mangaba, ele estranha, mas depois, ao degustar, vai ver que o cerrado é importante para a gente da região oeste”.

Bahia Farm Show

A 17ª edição da Bahia Farm Show começou na última terça-feira (6) e segue até o sábado (10). Considerada a maior do Norte e Nordeste, a feira é realizada às margens da BR-020.

Ao todo, 420 expositores participam do evento, representando 1.200 marcas. Ao longo da programação, a organização espera movimentar mais de R$ 7,9 bilhões, superando o ano passado.

Os ingressos podem ser comprados no site oficial, por R$ 25. Conforme divulgado pela organização, 20% do valor arrecadado com a venda de ingressos será doada para o Hospital do Oeste (HO), localizado no município de Barreiras, na mesma região do estado.