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Pequenos produtores pautam originalidade e preservação na BFS 2023

Biojoias, amigurumis e produtos feitos com frutas da região estão entre os itens da agricultura familiar e economia solidária achados na feira

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Alan Oliveira

08/06/2023 às 17:08 - há XX semanas
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					Pequenos produtores pautam originalidade e preservação na BFS 2023
Foto: Alan Oliveira/iBahia

Originalidade, cooperação e preservação resumem bem a Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária montada dentro da Bahia Farm Show 2023. Ocupado por pequenos produtores, o espaço reúne um misto de itens feitos com frutas, sementes, fibras e outros materiais encontrados no estado. Do artesanato aos alimentos, os visitantes encontram uma grande variedade de opções. Os preços variam de R$ 2 a R$ 1.700.

Nessa tabela, estão os amigurumis produzidos por Maria Margarete Gomes, que é mais conhecida como Dona Margot. Moradora de Luís Eduardo Magalhães há 18 anos, a mineira tem a arte milenar chinesa como carro chefe, porém trabalha com várias outras técnicas, como a confecção de bolsas, malhas e pintura em tecidos. Um trabalho que ela aprendeu há muitos anos e vem repassando.

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"Desde criança eu faço artesanato, mas há 23 anos eu virei artesã profissional. Eu vivo do meu trabalho, dou curso para idosos da terceira idade, dou curso em agricultura familiar... faço tudo de voluntário, porque eu quero que as pessoas aprendam. Eu preciso dividir o conhecimento".

Para Margot, a feira é uma oportunidade de marcar presença e divulgar o trabalho, conquistando clientes mesmo após o final da programação. Não é à toa que a artesã já participou de outras edições da Bahia Farm Show e pretende voltar nas próximas.


				
					Pequenos produtores pautam originalidade e preservação na BFS 2023
Foto: Alan Oliveira/iBahia

"Essas feiras engrandecem a gente pela divulgação, para a gente marcar presença e para a gente ser conhecido. Em termo de vendas, tem feiras que a gente vende bem, tem outras que você não vende, mas eu considero para mim a maior venda é a divulgação minha e do meu trabalho, que é o que me leva também para outros trabalhos".

A associação que a artesã Maria Inez representa é a prova viva disso. O grupo, que conta com a colaboração de 20 mulheres, recebeu uma grande encomenda após a participação no evento do ano passado.

"O objetivo é o público vir ver nosso trabalho, comprar nossa coleção e divulgar mais ainda a nossa arte. No ano passado a gente conseguiu uma venda extraordinária para um pessoal dos Estados Unidos. A gente fez 300 peças".

Assim como Margot, o grupo trabalha com vários tipos de artesanato, mas as biojoias produzidas com sementes do cerrado se destacam. Foram as peças que atraíram os clientes na última edição e é nesse material que a associação veio apostando tudo neste ano, com uma coleção exclusiva.


				
					Pequenos produtores pautam originalidade e preservação na BFS 2023
Foto: Alan Oliveira/iBahia

Diretamente de Barreiras, também no oeste baiano, a associação usa o material de forma consciente, como contou Valquíria Brito, que é amiga de Maria Inez e integrante do grupo. Para cada quantidade de semente coletada para a produção, parte vai para o plantio, mantendo assim as espécies.

"Fazemos isso pensando no futuro. Queremos preservar essas árvores, que são nossa matéria prima. Inclusive, os mais jovens, se tiverem interesse na preservação ou no cultivo da biojoia, vão poder ter mais acesso, do que a gente sair procurando. Então, a gente também já vai plantando em um local mais acessível".

Seguindo a linha de preservação, também participa da feira o produtor Laércio Vasco, da cidade de Cristopólis. Para esta edição, a marca Baiana Bacana, que é administrada por ele, levou licor, rapadura e cachaça. Tudo à base de ingredientes como amendoim, gengibre, caju e mel.

"A gente está trazendo produtos de qualidade, produzidos pela gente. A gente procura não usar defensivo. A gente tem que evitar. A gente usa hoje o alambique de inox, que é menos ofensivo à saúde humana".


				
					Pequenos produtores pautam originalidade e preservação na BFS 2023
Foto: Alan Oliveira/iBahia

Os amantes de doces encontram também opções de chocolates nada convencionais. É o caso da Natucoa, que tem ingredientes como licuri e jaca. A marca saiu de Ilhéus, no sul da Bahia, para participar do evento, representada por Rogério Assunção. Além das barras de chocolate, podem ser comprados licores, geleias, cervejas e pastas.

"Hoje, a gente usa banana, abacaxi, jaca e cupuaçu na nossa linha de produção de chocolate. São frutos da nossa região. A gente participou no ano passado, foi legal. Neste ano, a gente voltou para atender os nossos clientes que ficaram e divulgar mais ainda a marca", contou Rogério.

Também voltando à feira para marcar presença estava Rosivania, mais conhecida como Cacica Rose Kiriri, da comunidade Kiriri de Barreiras. Ela apresenta no evento o legado da mãe, que passou a arte da produção de peças de barro para outros membros do grupo pouco antes de morrer em decorrência de complicações de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

"A madrasta do meu pai passou para a minha mãe, e ela ensinou para a gente e já estamos passando para os netos e sobrinhos. Foi realmente uma herança, um legado, que ela deixou. Com seis meses antes de morrer, ela chamou todo mundo e disse que queria passar para os que não sabiam".

Hoje, esse conhecimento segue em compartilhamento e se tornou fonte de renda para a comunidade, em especial para as mulheres.

"Hoje, nós já temos crianças de 10 anos que fazem o artesanato. Isso é bom porque a gente trabalha o incentivo de mostrar que a gente pode nos sustentar com os nossos trabalhos. É através do nosso artesanato que a gente consegue se libertar. Nós mulheres, conseguimos ganhar a nossa própria renda, para não ficar dependente de homens".


				
					Pequenos produtores pautam originalidade e preservação na BFS 2023
Foto: Alan Oliveira/iBahia

Em meio a moringas, jarros, pratos e copos, Cacica Rose Kiriri busca ainda a igualdade de espaços entre os grandes e pequenos produtores. "Para a gente é muito importante estar participando dessa feira. A gente está no meio do agro, então, por nós sermos os pequenininhos, a gente está aqui mostrando resistência e que a gente também pode ocupar esses espaços".

É justamente essa uma das finalidades da Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária. Criada pela União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes/BA), a ação dá oportunidades para que tipos diferentes de produtores tenham acesso à feira.

“Quando iniciou a Bahia Farm Show, que antes era a Agrishow, a gente tinha uma visão de que era só um espaço dos grandes. A gente tinha isso na mente, mas ao decorrer do tempo, com a participação, a gente foi vendo que aquilo poderia se tornar realidade”, conta Carmélia da Silva, que é diretora da instituição.

Para a representante, os grandes e pequenos produtores são dependentes uns dos outros, já que, segundo ela, mais que 70% da agricultura vem da familiar.


				
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Foto: Alan Oliveira/iBahia

“Nós produzimos para os grandes e pequenos também. Na nossa visão, a gente não vê isso mais como entrave, como uma coisa ruim para a gente. É uma prova de fortalecimento da agricultura familiar e médio agricultor que ocupa esse espaço”.

Neste ano, a feira está com o maior dos espaços já tidos pelo grupo, desde que a Unicafes passou a integrar a Bahia Farm Show. Ao todo, são 20 estantes, além de um empório que oferece serviços de outros cooperados que não estão presentes neste ano.

“A gente tem esse compromisso. A gente tem a obrigação de trazer os produtos dos nossos cooperados, uma vez que uma pessoa é de uma cooperativa, tem produtos, mas não tem condições de participar da feira”.

Bahia Farm Show 2023


				
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Foto: Alan Oliveira/iBahia

Realizada às margens da BR-020, em Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano, a feira chega a 17ª edição neste ano. Ao todo, são 420 expositores, representando 1.200 marcas. A feira começou na última terça-feira (6) e segue até o sábado (10). Ao longo da programação, a organização espera movimentar mais de R$ 7,9 bilhões, superando o ano passado.

A grandiosidade das máquinas, o tamanho da área de exposição e a diversidade de produtos e serviços tem chamado atenção desde o início da feira. Entre os atrativos, equipamentos agrícolas, insumos, veículos, artesanatos, comidas regionais e muita tecnologia.

Os ingressos podem ser comprados no site oficial, por R$ 25. Conforme divulgado pela organização, 20% do valor arrecadado com a venda de ingressos será doada para o Hospital do Oeste (HO), localizado no município de Barreiras, na mesma região do estado.

Fotos


				
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