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Muita gente sonha em ser soteropolitano. E motivos (aqui pra nós) é o que não faltam. Cidade da música, detentora da maior festa de rua do planeta, cidade mais negra fora da África, gastronomia única conhecida em todo mundo, e claro, 1ª capital do Brasil. Viu, só!? Isso, na prática, só é o básico.
História é o que não falta pra esse lugar que hoje - 29 de março - completa 473 anos. Em comemoração a data, o iBahia resolveu te contar alguns segredos e curiosidades históricas daqui. Sabe aquele esquema de falar da mesma coisa de um jeito diferente?! Pois bem! É isso que você confere hoje, aqui nessa reportagem.
Mas, calma! Que para essa missão a gente não caminhou sozinho. Convidamos o historiador Jaime Nascimento para detalharmos os segredos de Salvador e ele já começou falando da...
Data de fundação
Quem fundou Salvador? Se você respondeu Thomé de Souza, já errou! Pois é, parece estranho, mas é verdade. Na prática, o 'tal Thomé' não fundou, inaugurou foi nada. Apenas chegou aqui e começou a construir o que lhe Portugal ordenou. A situação é tão complicada que até comissão foi criada para decidir o dia simbólico da capital baiana. Imagine?!
Historicamente, Thomé de Souza chegou em 1549 e criou uma Fortaleza Grande e Forte, para ser a Sede do Governo Geral do Brasil. Só em 1551, que a Igreja Católica elevou 'essa fortaleza' à cidade isso era essencial na época para que Salvador se tornasse Sede da Diocese da Baía de Todos os Santos. "Ela já foi projetada com esse nome, mas não era nem cidade nem vila. Apenas a Fortaleza Sede do Governo Geral", detalhou Jaime em entrevista ao iBahia.
Nem documento, nem marco histórico pontua a inauguração de Salvador. E é aí que a história continua...Diante desse impasse, como se comemora o aniversário da capital? Como chegamos ao dia 29? E Jaime explica: "Ele nunca inaugurou nada. Então, ficou-se por muito tempo uma discussão sobre qual teria sido a efetiva data de fundação de Salvador. Em 1949, por conta dos 400 anos, se formou uma comissão de vários especialistas sobre a presidência do IGHB (Instituto Geográfico e Histórico da Bahia) e essa convenção discutiu várias datas. Como não tinha uma data absoluta, resolveu-se que seria o dia da chegada de Thomé de Souza aqui. Então, é por isso que dizem que é uma data simbólica da fundação da cidade de Salvador já que não tinha documento que dissesse que a data era essa", disse.
E caminhando pela linha do tempo. Chegamos a mais um questionamento...
Salvador tinha portões de acesso?
Num é que tinha?! A primeira capital do país teve que montar um muro e portões de acesso para se proteger das invasões inimigas. "Era um muro de taipa e tinha uma porta norte (limite onde está a prefeitura atualmente) e uma porta sul (Praça Castro Alves). Era como se fosse um triângulo que começava na Castro Alves, descia pela Barroquinha, fazia a volta, subia a Ladeira da Praça e reencontrava na Praça Municipal. E com o tempo foi crescendo", pontou o historiador.
O inusitado era que o muro ia avançando a medida em que a cidade extrapolava a área. De taipa a pedra, o tal cercado só deixou de existir quando os jesuítas e os dominicanos chegaram e criaram a região do Terreiro de Jesus e do Carmo, com convento e igreja. Nessa etapa, Thomé de Souza desistiu de ir aumentando a malhar urbana. "Hoje consta que onde fica o casarão do Restaurante do Sesc/Senac ainda tem vestígios desta última versão do muro que era de pedra", revelou Jaime.
Como dizemos em bom baianês: 'é coisam viu?!' Às vezes, até difícil acompanhar. Mas, uma parte da cidade ainda acompanha esse ritmo. Ele se chama...
Bairro do Comércio
Desde o ínicio da história, o Comércio é o um bairro de grande movimentação. E os motivos eram inúmeros. Porto, trapiche, troca de mercadorias, mercado de escravos, tudo acontecia na região. Mas, se você está se perguntando o que em 2022 isso tem a ver, tenha calma. Por que a resposta vem agora: a região é a única da capital baiana que acompanha a evolução arquitetônica desde da fundação. E o historiador Jaime explica os motivos:
"Antigamente não se chamava bairro, se chamava freguesias. E o Comércio era a freguesia da Conceição da Praia e a freguesia de Santa Luzia. O Comércio, quanto área urbana, é quem acompanha a evolução da cidade desde a chegada de Thomé de Souza até os dias atuais. Os avanços mais recentes foi o porto com a colocação dos guindastes. Tudo ali foi aterrado ano após ano. O mar batia na Escadaria da Igreja da Conceição", detalhou o historiador.
Parece esquisito pensar que o mar chegava nas portas da Igreja. Mas é verdade. Sabia que até forte ali tinha? Pois é, e ainda tem. Hoje o Forte da Jequitaia está completamente aterrado e fica próximo ao Hospital do Exército. Quando passar de carro, vale a pena dar uma observada.
Nomes como Manuel Vitorino, Afrânio Peixoto, Nina Rodrigues, Oscar Freire, Alfredo Brito, Juliano Moreira, Martagão Gesteira estudaram no local.
E aí ? Curtiu? Agora, imagine não ser soteropolitano? #deusmelivre
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Redação iBahia
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