Se Michael Jackson já quase foi soteropolitano, nada impede Salvador de beber da fonte do glamour Hollywoodiano. Correto?
Bom, nessa brincadeira de "Baiano não nasce, estreia", frase que dita várias vezes em diversas ocasiões, se tornou uma verdade para quem nasce no estado nordestino, o pensamento voa longe, para os Estados Unidos, em Los Angeles, Hollywood, especificamente na Calçada da Fama, afinal, quem estreia é estrela e merece lugar de destaque, certo?
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E a associação feita é a seguinte: e se Salvador tivesse uma Calçada da Fama?
O pensamento, que pode parecer loucura para alguns, já foi pauta, ou melhor, projeto de lei na Câmara dos Vereadores da capital baiana. O ano era 2021, quando o vereador Anderson Ninho reascendeu a chama da criação de um calçadão inspirado ao que já existe em Hollywood para homenagear as estrelas da capital, projeto este que já havia sido citado em outras ocasiões.
Em uma consulta rápida para Acompanhamento de Proposições no site da câmara é possível encontrar a PLE-200/2021. A ementa afirma que o projeto "dispõe sobre a criação do Calçadão das Estrelas da Música Baiana, um museu a céu aberto, cuja intenção é homenagear e rememorar os grandes nomes e monumentos da música baiana".
Para o vereador, o projeto, que se encontra na Comissão de Cultura e ainda aguarda um parecer, também seria uma forma de movimentar o turismo local e a economia, no entanto, nunca teve um retorno sobre a possibilidade de existir. Na época em que o projeto foi apresentado, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo tinha como responsável pela pasta era o advogado Fábio Mota.
Dois anos depois da proposta tomar conhecimento público, o iBahia foi atrás para saber da possibilidade de Salvador ter a sua própria Calçada da Fama. Sob o comando da secretaria há pouco mais de dois meses, o empresário, publicitário e produtor cultural Pedro Tourinho, falou sobre a visão dele de uma homenagem justa aos artistas da terra.
Durante a participação em um evento de uma faculdade na capital baiana na última quinta-feira (23), o secretário respondeu ao questionamento da repórter Aline Gama com uma provocação feita pelo autor Frantz Fanon no livro 'Os Condenados da Terra', no qual ele fala sobre colonialismo. Para Tourinho, há outras formas de reconhecer as estrelas que não a calçada da fama.
"Eu não sei, sinceramente, se faria uma calçada da fama, porque acho um conceito muito colonial, acho que deve existir outras formas de reconhecer o talento dos artistas, que não seja dessa forma. Não que eu seja totalmente contra a ideia de reconhecer, mas eu acho que a gente tem que começar a pensar também em outras formas de linguagem para poder representar essa valorização. Porque a linguagem colonial tende a unificar toda uma forma de falar, de expressar, então a única forma da gente ir contra essa lógica colonialista, é também mudando a forma de expressar."
Sem Calçada da Fama, pelo menos até então, é possível encontrar na capital baiana, espaços que exaltem a cultura local e quem faz a arte na cidade acontecer.
"A homenagem aos artistas eu acho que a gente consegue fazer aumentando os equipamentos. Temos a Casa do Carnaval, o Museu da Música, que tem um trabalho grande com os artistas de periferia, então acho que os artistas da cidade estão sendo homenageados", pontua Tourinho.
Casa do Carnaval
O primeiro museu dedicado a maior festa de rua do mundo Carnaval conta a história da folia em uma viagem visual e sensorial, com diversos recortes temáticos da festa que que contribuiu diretamente para a formação da identidade baiana. A casa conta com quatro pavimentos: o térreo, o primeiro andar, o terraço e o subsolo, e fica localizada no Pelourinho.
Cidade da Música da Bahia
O equipamento conta com 750h de conteúdo audiovisual e dispõe de informações sobre a história da música e dos artistas baianos. O museu fica localizado no Casarão dos Azulejos Azuis, edifício construído entre 1851 e 1855, tombado pelo Iphan, próximo ao Elevador Lacerda e ao Mercado Modelo, na região do Comércio.
Mural dos Famosos
O projeto "Tour Grafite" deu ao Farol da Barra uma espécie de "Calçada da Fama" para chamar de sua, ou melhor, Mural da Fama.
Idealizado por Anderson Araújo, o Anderson Grafite, o muro, que tem desenhos de seis grafiteiros, quatro de São Paulo, um de minas e um da Bahia, traz imagens de estrelas soteropolitanas, entre elas Bell Marques, Léo Santana, Pitty, Lázaro Ramos, Carlinhos Brown, Popó, Gilberto Gil, Luiz Caldas e baianos como Ivete Sangalo, Simone e Simaria. Os desenhos estão localizados em um muro em frente à praia do Porto da Barra.
Redação iBahia
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