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SUSTENTABILIDADE

Transposição do rio São Francisco é perpetuação da seca local, diz livro

O tom do livro "Conservação da Natureza - e eu com isso?" (Fundação Brasil Cidadão), organizado pelo presidente da Rema (Rede Marinho-costeira e Hídrica do Brasil), José Truda Palazzo Jr., é de forte crítica. Na obra, a eficiência da gestão das Unidades de Conservação brasileiras é questionada, a valorização da visão econômica da natureza é repreendida, e até mesmo a transposição do Rio São Francisco é anunciada como uma "perpetuação da seca" na região.

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02/10/2012 às 14:45 • Atualizada em 30/08/2022 às 1:05 - há XX semanas
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Transposição do Rio São Francisco já prejudicou a pesca dos ribeirinhos
Foto: minplanpac

O tom do livro "Conservação da Natureza – e eu com isso?" (Fundação Brasil Cidadão), organizado pelo presidente da Rema (Rede Marinho-costeira e Hídrica do Brasil) , José Truda Palazzo Jr., é de forte crítica. Na obra, apoiada pela FundaçãoAvina, a eficiência da gestão das Unidades de Conservação brasileiras é questionada, a valorização da visão econômica da natureza é repreendida, e até mesmo a transposição do Rio São Francisco é anunciada como uma "perpetuação da indústria da seca na região".

"Não são necessidades legítimas de desenvolvimento que pressionam pela destruição de nossos ecossistemas remanescentes e sua biodiversidade, mas sim políticas públicas pensadas para beneficiar determinados setores muito específicos da economia – sobressaindo aí as empreiteiras, os latifúndios, a mineração (incluindo o ufanismo histérico do petróleo) e a pesca industrial", afirma Truda Jr., logo no início da apresentação.

Apesar do aumento exponencial das Unidades de Conservação (UCs), a engenheira agrônoma Maria Tereza Pádua ressalta que a constante falta de recursos financeiros e humanos demonstram a ausência de prioridade que a implementação efetiva da unidades no país, fragilizando o sistema como um todo.

“De todas as categorias a mais inútil para a preservação da biodiversidade é a conhecida como Área de Proteção Ambiental (APA). É só se visitar a maioria das APAs que o país possui, onde prevalece a devastação e a alteração clara dos ecossistemas naturais. No passado, até um bairro na cidade do Rio de Janeiro foi considerado APA. Assim, quando se anuncia que o país possui tantos milhões de hectares em unidades de conservação aí incluindo as APAs, é enganar a opinião pública”, critica.

Valoração

No quinto artigo, "RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) – O que você ganha com isso", João Bosco Carbogim reflete sobre a necessidade de valorar economicamente a natureza, esperando sempre ganhar algo. "Parece que a cabeça das pessoas está programada para buscar vantagens econômicas em qualquer atitude que se tenha perante a natureza, por mais altruísta que possa ser", critica ele, explicando que "na realidade, a decisão de conservar a natureza foge a esse parâmetro por se tratar de uma questão de valores e tem a ver com a percepção que se tem da vida e do que estamos fazendo no planeta terra".

A grande polêmica da transposição do Rio São Francisco parece ter sido acalmada nos últimos tempos. Mas para a população local as feridas abertas continuam vivas. Segundo o coordenador do Núcleo de Estudos e Articulação do Semiárido (Nessa), João Sussuana, a construção das represas das usinas geradoras diluiu a atividade pesqueira da região. De acordo com ele, "as espécies de piracema estão desaparecendo do rio devido à impossibilidade que têm os peixes de fazerem o seu trajeto natural de subida das corredeiras para a realização das desovas".

"A população carente nordestina, principalmente aquela residente de forma difusa na região semiárida, não terá acesso a uma gota sequer da água do Velho Chico. Para nós, é a perpetuação da indústria da seca", diz.

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