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SALVADOR

Semana Nacional de Trânsito: hora de falar sobre mobilidade

Com o Dia Mundial Sem Carro, no próximo dia 22, outras maneiras de circular pela cidade estão sendo pensadas

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20/09/2011 às 8:24 • Atualizada em 27/08/2022 às 12:56 - há XX semanas
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Na Semana Nacional do Trânsito, iniciada no último dia 18, a maioria das grandes cidades brasileiras já tem um desafio posto: a mobilidade. O trânsito caótico, o sucateamento do transporte público, a falta de investimentos na manutenção das vias públicas, os acidentes, a insegurança, e tantas outras questões vividas no cotidiano impactam diretamente no deslocamento das pessoas pelo espaço urbano. Aproveitando a mobilização que tem ocorrido para a comemoração do Dia Mundial Sem Carro, na próxima quinta-feira, dia 22 de setembro, o iBahia mostrará, ao longo dessa semana, algumas das principais maneiras utilizadas pelos soteropolitanos para circularem pela cidade. A pé, de ônibus, de moto ou de bicicleta, reuniremos as principais informações, dicas e algumas dificuldades enfrentadas por todos os cidadãos que não fazem uso do automóvel no seu dia a dia. E o esforço, já se sabe, não é pouco. O trânsito nosso de cada diaUma pesquisa apresentada em agosto pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que, para uma parcela expressiva da população brasileira, os hábitos mais simples e indispensáveis como ir ao trabalho ou ir à escola são realizados de forma insatisfatória, desconfortável e sem muita segurança. Os recordes de congestionamento registrados nas metrópoles, associada à violência que atinge a mobilidade urbana, ajudam a desenhar esse cenário. Para se ter uma ideia nos municípios com mais de 100 mil habitantes, quase 60% das pessoas que usam, por exemplo, o transporte coletivo – principal meio de locomoção do país, levam mais de uma hora no trânsito para chegar ao seu destino. Esse índice aumenta consideravelmente a depender da região analisada – no Sudeste especialmente- e de outros fatores como o próprio poder aquisitivo do indivíduo. Mesmo para quem se locomove em carros a situação também não é das melhores. Aproximadamente 40% dos que escolhem essa opção perdem mais de uma hora e meia no trânsito diariamente. Todo esse tempo desperdiçado não tem apenas conseqüências financeiras, uma vez que o trabalhador deixa de produzir, mas, fundamentalmente, afetam a saúde e a qualidade de vida de toda uma população. Diante disso, surge a necessidade de pensar mobilidade para além da mera engenheira de trânsito. É o que explica o professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, Marcos Rodrigues: “Falar em mobilidade é falar sobre boas calçadas, sobre segurança, sobre ciclovias capilarizadas pelo interior da cidade, em pedágios cobrados no centro para desestimular o uso do carro, em transporte público de qualidade, enfim, em muitas coisas articuladas para além do trânsito rotineiro”. Às vésperas de realizar a Copa de 2014, pensar em maneiras alternativas para aperfeiçoar o fluxo de pessoas e de bens está, sem dúvida, na ordem do dia. Se tudo o que for planejado virar realidade, Salvador terá a mais extensa ciclovia do país com 227 Km. A cidade, que atualmente conta com apenas 20Km, concentrados essencialmente na faixa da orla, pretende levar as pistas exclusivas para ciclistas para o coração da cidade, incorporando o hábito de pedalar na vida dos soteropolitanos. As dificuldades na mudançaQuando o assunto é a utilização de meios não motorizados para a locomoção, o país ainda caminha a passos lentos. Ao menos foi isso o que apontou o realizado, nesse ano, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). A pesquisa revela que somente 7% da população costuma usar a bicicleta como meio de transporte e que apenas 12% realiza a mobilidade a pé. Seguindo uma tendência similar, foi verificado que quanto mais alto o nível de escolaridade, mais o meio de transporte carro é utilizado. “As classes mais altas estigmatizaram o uso da bicicleta ou da moto como um hábito ou saída dos mais pobres, não tendo, portanto, o prestígio do carro. É claro que a bicicleta sozinha não vai resolver o nosso problema de mobilidade, mas a mudança nessa forma de pensar me parece fundamental na transformação da nossa cultura”, explica Rodrigues. Na contramão desses dados, setores médios, cansados dos congestionamentos e do desgaste que é o tráfego cotidiano, passaram a optar por uma circulação que reduz o transporte motorizado. Sem rejeitar os carros, os grupos, que ganham adeptos por todo país, tentam incorporar os novos hábitos, que em muitas cidades da Europa, como em Copenhague, na Dinamarca, já são corriqueiros. Assim ir ao trabalho de bicicleta, de moto, de ônibus, de metrô ou intercalando essas modalidades tem sido uma das soluções para otimizar o tempo e desfrutar de outras coisas que antes, com o uso exclusivo do automóvel, não eram possíveis. Além de pensar em tecnologias inovadoras, a proposta é fazer o trabalho de agente multiplicador. Através de encontros – como a Semana Nacional de Mobilização que está acontecendo na FAUFBA, na Federação –, de conversas, de debates, esclarecer que é possível e viável se movimentar de maneiras distintas num centro urbano. “Hoje nós não temos a infraestrutura necessária para, por exemplo, ir ao trabalho numa bicicleta. Em alguns lugares de Salvador é perigoso e desaconselhável. Mas com os investimentos a serem trazidos pela Copa, temos a oportunidade de avançar e de estabelecer um novo modelo de mobilidade para a cidade”, finalizou Marcos Rodrigues. *Se você vive em Salvador e tem dificuldades em se locomover pela cidade, escreva-nos contando: [email protected]

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