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Omissão de documentos impediu análise mais profunda do clube

Documento enviado à MPF por Carlos Rátis é um diagnóstico operacional e financeiro. Não chega a ser relatório de auditoria

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13/09/2013 às 8:24 • Atualizada em 29/08/2022 às 9:39 - há XX semanas
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O caos administrativo documentado pela empresa Performance Soluções Empresariais sob Medida, contratada pela comissão de intervenção por determinação do juiz Paulo Albiani, impede que as 74 páginas do relatório entregue pelo interventor Carlos Rátis ao Ministério Público Federal na Bahia sejam chamadas de auditoria. “Os procedimentos aplicados não representam uma auditoria sobre as demonstrações contábeis do Esporte Clube Bahia”, revela o ‘diagnóstico operacional e financeiro’, do período de 1º de janeiro de 2012 a 30 de junho de 2013.
A desordem e a omissão de documentos impediram que a empresa fosse mais à fundo nos problemas do clube. “É possível que em trabalhos especiais, que tenham maior profundidade, venham a ser reveladas outras áreas passíveis de melhoria ou de observações pertinentes”. Ou seja, é dever da nova diretoria ampliar o processo de investigação deflagrado durante o período de intervenção, que se estendeu entre os dias 9 julho e 11 de setembro.Leia mais "Indignado", presidente do Bahia promete levar questões da auditoria "às últimas consequências" Cristóvão Borges comenta vaias, mas ressalta poder de reação "Podemos anunciar novidades logo", diz Cristóvão sobre reforçosAinda assim, o documento traz informações importantes sobre a segunda gestão do presidente deposto Marcelo Guimarães Filho. Por exemplo, a negociação de 40% dos direitos econômicos de Anderson Talisca, revelação da base, por R$ 400 mil. Ou o pagamento de R$ 1.213.690,00 para compra de ingressos a serem distribuídos - 60% dos bilhetes, à torcida. Isso só no período de quatro meses.O endividamento global do clube é de R$ 83.283.385,00, sendo que R$ 20.032.214,00 foram contraídos apenas nos últimos seis meses - tomando como prazo final o dia 30 de junho de 2013. Ainda segundo o diagnóstico, o clube deixou de recolher INSS, FGTS, tem dívidas tributárias municipais e federais - algumas parceladas, outras com pagamento suspenso “por falta de pagamento”. A dívida trabalhista relativa a processos conciliados na datade 29 de julho de 2011, de acordo com dados fornecidos pelo senhor Cristiano Possídio, é de R$ 5.343.796,96.Falhas na documentaçãoA Performance teve dificuldades para encontrar o destino de alguns documentos referentes ao Esporte Clube Bahia. Segundo o relatório apresentado, havia “recibos sem assinaturas ou contendo apenas a assinatura do setor financeiro, sem qualquer evidência de aprovação por parte da Gerência e/ou Diretoria”. Outros pontos importantes foram levantados nesse quesito como, por exemplo, cheques emitidos ao portador e sem cruzamento, notas fiscais sem data de emissão, além de notas fiscais sem a descrição detalhada do serviço prestado.Dívida com ex-jogadores Chama a atenção a quantidade de dívidas trabalhistas do Bahia com jogadores que passaram pelo clube. Muitos deles, por sinal, receberam bastante críticas, como é o caso do volante Léo Medeiros, que passou pelo clube na temporada 2009. O tricolor deve R$ 630.581,80 para o atleta, que atualmente defende o CSA de Alagoas. Quem também vai levar uma boa grana do tricolor é o centroavante Mendes, jogador que atuou no Fazendão em 2010, o ano do acesso à Série A. O clube deve R$ 142.813,18 ao atleta. Éverton Costa, o Avatar, que está no Santos, tem R$ 67.578,42 à receber.Empréstimo de valor altoPedir empréstimo é uma situação normal. Pedir empréstimo ao assessor do ex-presidente Marcelo Guimarães Filho recebeu atenção especial da Performance. De acordo como documento, existe um “Recibo referente à devolução, pelo Sr. Sérgio Queiroz Beserra, nos montantes de R$ 165.000,00 (13/04/12) e R$ 87.000,00 (18/04/12). Transação feita por TED diretamente da conta do Sr. Sérgio para a conta do Esporte Clube Bahia. O recibo apresentado não possuí assinatura e no campo de informações”. Kabrocha, como é conhecido, era funcionário do Bahia.Venda de atletas da baseAlém da venda de 40% dos direitos econômicos do meia Anderson Talisca para empresa não especificada, o relatório financeiro da empresa Performance detalha outras situações curiosas nas negociações de atletas do clube. O Bahia, de acordo como documento, tinha direito a 100% dos direitos econômicos do atacante Maranhão, vendido ao Cruz Azul, do México, em janeiro do ano passado por R$ 2.100.453. Apesar disso, por meio de ‘participação de terceiros’, o Bahia deixou de ganhar R$ 1.067.499. O documento informa que o clube levou R$ 1.032.953 na negociação.

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