“87 anos. Estou com essa idade toda, mas até 2014, não acredito que morro, não! Nenhum de nós tem essa consciência de que morre. Toda morte tem uma parte de suicídio. Para mim, a morte é uma mulher e se chama Caetana. Este é o único jeito de eu aceitar essa maldita”. No dia 16 de julho, o escritor Ariano Suassuna, em tom de brincadeira, fez essa afirmação em palestra, no Teatro Castro Alves, mas após ter
sofrido AVC hemorrágico na noite da segunda-feira (21), o escritor não resistiu. Na tarde desta quarta-feira (23) o anúncio: o acadêmico se foi, na mesma época em que também perdemos o baiano João Ubaldo Ribeiro, e o mineiro Rubem Alves. No dia 3 de julho, o também acadêmico Ivan Junqueira havia falecido.
Ariano estava internado no Real Hospital Português, em Recife, cidade que adotou o paraibano como filho. Após o AVC na noite do dia 21, ele
respirava com a ajuda de aparelhos. Em agosto de 2013, o escritor já havia
sofrido um enfarto, mas conseguiu se recuperar, ao lado da família. Nem isso, porém, tirava o humor do escritor e a vontade de contar casos. O acadêmico esteve, recentemente, em Salvador para participar da
abertura do evento 'Ariano Suassuna - Arte como Missão', que ocupa a Caixa Cultural de Salvador, com
exposição fotográfica 'O Decifrador' de Alexandre Nóbrega, e mais uma mostra de vídeos.
Divertido, polêmico, político... Ariano foi um homem que, acima de tudo, defendeu a cultura popular brasileira e suas raízes. Ficou conhecido como grande dramaturgo e romancista. Seu título mais conhecido foi o 'Auto da Compadecida' (1955), que se transformou também em um sucesso nas telas. Foi ainda secretário de Cultura, em Pernambuco, e lá fundou o Circo da Onça Malhada, que, na opinião dele, era o povo brasileiro.
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