Uma novela sem fim. É essa a impressão que tem quem acompanha o passo a passo dos trâmites para a implantação do metrô na avenida Paralela. O capítulo a ser descrito a seguir foi ao ar na quinta-feira da semana passada, tendo como pano de fundo a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Foi lá que se reuniram representantes dos governos federal, estadual e municipal, para definir onde seria aplicada a verba do PAC Mobilidade (aqueles R$ 2,4 bilhões que o governo estadual quer para fazer o metrô da Paralela). Pelo menos a princípio, os tão sonhados trilhos não são prioridade. Antes, devem ser garantidos o término do metrô entre as estações da Lapa e Pirajá e a revitalização dos trens do Subúrbio. O que aconteceu, antes da trama chegar a esse clímax, não é complicado de entender: após governo e prefeitura se manifestarem sobre os valores que precisavam para concluir as obras sob sua responsabilidade, a conta não bateu. Extrapolou a verba disponível para Salvador. O secretário da Casa Civil municipal, João Leão, pediu respectivamente R$ 315 milhões e R$ 215 milhões para o metrô e o trem, segundo ele próprio. Já a Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia tentou abocanhar R$ 1,6 bilhão só para o metrô da Paralela, fora as outras intervenções na cidade, que não são poucas nem baratas. “Tem a avenida 29 de Março, a Gal Costa, a interligação Iguatemi-Pituba...”, tenta enumerar o diretor executivo do órgão, Alberto Valença. Ele não soube (ou não pôde) dizer de quanto era o valor disponibilizado pelo governo federal, mas adiantou que a soma dos desejos deu em torno de R$ 3 bilhões, que é igual ao resultado da equação PAC Mobilidade (2,4 bi) + PAC Copa (570 mi). Segundo Valença, é justamente esse segundo valor a principal fonte de dor de cabeça. “A gente já considerava isso assunto resolvido, mas o governo federal está incluindo essa quantia no teto de R$ 2,4 bilhões do PAC Mobilidade”, explicou.Solução Após a difícil equação, os técnicos e gestores dos dois ministérios pediram um tempo a sós e, após alguns minutos, voltaram com a solução: definir prioridades. E na enumeração que fizeram, o metrô da Paralela foi rebaixado para a 3ª divisão. “Em primeiro lugar, teremos que terminar os 12 quilômetros do metrô em construção. Segundo, revitalizar os trens. Terceiro o metrô da Paralela e, por último, as outras intervenções na cidade”, disse João Leão, satisfeito por ter as obras sob sua tutela definidas como prioridades. Valença diz que não é bem assim. “Não existe classificação de importância, mas o dinheiro não dava para fazer tudo”. Segundo os dois, a prioridade é apenas na utilização da verba, o início de uma obra não precisa aguardar o término da outra. De qualquer forma, esse capítulo da novela não terminou aí. “Dissemos que isso não nos satisfazia e marcamos outra reunião”, disse Valença, sobre o novo encontro que deveria ter acontecido ontem, mas acabou sendo cancelado. “Eles não convocaram, não sei por quê. Imagino que também estejam com dificuldades em outros estados”, palpita o diretor executivo da Seplan. Ficou curioso para saber como a novela termina? Aguarde as cenas do próximo capítulo, em breve, numa banca de revistas perto de você! Leão: Exército não encontrou irregularidades Após meses de insistência da reportagem do CORREIO, o secretário da Casa Civil, João Leão, acabou liberando o resultado da auditoria do Exército nas obras do inacabado metrô entre a Rótula do Abacaxi e a Estação da Lapa. “A CTS (Companhia de Transportes de Salvador) encontrou valores mais ou menos equilibrados entre os orçamentos do Exército e da Metrosal”, disse o secretário, na única frase que autorizou publicar sobre o assunto. Segunda-feira, os dois orçamentos serão protocolados no Tribunal de Contas da União, que é quem dá o parecer final, sobre se houve ou não superfaturamento. Foi o órgão que exigiu, no final de 2010, que a prefeitura contratasse o Exército para orçar novamente a obra do metrô.
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