A proposta feita pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Salvador (Setps), de arcar com R$ 600 milhões para instalar BRT na avenida Paralela, foi encarada pelo governo do estado como um gol após o apito final. Não valeu. “A proposta do Setps chegou tarde, agora eu já fiz praticamente tudo. Eles deveriam ter feito ela (a proposta) durante a PMI e não agora”, disse ontem o governador Jaques Wagner, durante um evento do PP, num hotel em Ondina. Mais tarde, por meio de sua assessoria, a informação foi reforçada: o governo não vai recuar, pois o processo já está em andamento. Câmara Além do Setps, a maioria dos vereadores de Salvador também não esconde sua insatisfação com a escolha do modal e promete não medir esforços para embargar a decisão na Justiça, já que não foram consultados antes da decisão. O chefe da Casa Civil Municipal, João Leão, acredita que vão chegar a um denominador comum. “É a Câmara que vai dar a palavra final. Nós temos que mandar o projeto para lá e são eles que vão ter de discutir”. Ao saber da declaração do secretário, Wagner fez cara de espanto. “A Câmara decidir votar alguma coisa sobre isso? Não tem o que votar. Por acaso votou sobre o metrô que está aí?”, questionou, em entrevista ao site Política Livre. Em entrevista ao CORREIO, Wagner assegurou que o sistema aprovado terá sim o BRT, em vias complementares ao sistema, embora o projeto apresentado na quarta-feira não assegure o transporte. “Querida, vai ter BRT sim!”, disse, irritado com a insistência da repórter. Segundo ele, a verba do governo federal também não será problema. “Isso a gente garante. Posso lhe garantir que vai haver verba. Eu garanto”. Apesar de defender o BRT, o ministro das Cidades, Mário Negromonte, endossou as palavras de Wagner. “Como garantia da verba há a palavra da presidente Dilma”, disse, referindo-se aos R$ 2,4 bilhões, teto do PAC Mobilidade. Setps ofereceu R$ 600 milhões para BRTO Sindicato das Empresas de Transporte de Salvador (Setps) acompanhou a partida com todos os acréscimos e prorrogações, mas quando viu que o time do BRT realmente tinha perdido, tentou levar o jogo para os pênaltis. Na quarta- feira, secretários estaduais e municipais anunciaram oficialmente o metrô como resultado da Proposta de Manifestação de Interesse (PMI), que teve projetos de sete empresas para a mobilidade de Salvador e Lauro de Freitas. O sindicato então encaminhou uma carta ao prefeito João Henrique, na qual se oferece para bancar sozinho um sistema de BRT na Paralela, que custaria em torno de R$ 600 milhões. Enquanto isso, o estado aplicaria todo o dinheiro do PAC Mobilidade (R$ 2,4 bilhões) em melhorias no restante da cidade. “Seria uma precipitação ter feito a proposta antes. O que se tinha era só especulação, ninguém falou oficialmente”, justificou o superintendente Horácio Brasil, quando perguntado sobre o porquê de terem demorado a fazer a proposta. Ele defende o projeto apresentado pela prefeitura em 2009, que prevê 78 quilômetros de corredores exclusivos e já tinha R$ 567 milhões garantidos pelo PAC Copa. “O estado quer concentrar todo o recurso na Paralela, mas não mora ninguém na Paralela. Quem mora nos Alphavilles da vida tem carro e não vai deixar o carro em casa pra andar de ônibus, nem de metrô”. Segundo ele, que garante a obra em 18 meses, o prefeito ainda não respondeu à carta. Procurado, o secretário estadual de Planejamento, Zezéu Ribeiro, disse que o Setps está querendo criar “factoide” e que não há possibilidade da proposta ser acatada. “Durante a PMI, outras empresas ofereceram investimentos até maiores. Se eles (o Setps) quiserem, podem operar o resto do sistema”. A opção não é descartada pelo sindicato. “Não descartamos, mas trabalhamos em cima de coisas concretas”, declarou Horácio Brasil.
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