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É cedo para proclamar "futuro apocalipse global", aponta estudo

A opinião é de Kurt Kjaer, cientista da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e principal autor de um estudo divulgado na sexta-feira, 3 de agosto, na revista Science, segundo o qual o gelo da Groenlândia parece não ser tão vulnerável quanto se temia a um derretimento que elevaria o nível mundial dos mares.

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03/08/2012 às 10:50 • Atualizada em 02/09/2022 às 18:43 - há XX semanas
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A Groenlândia contém gelo suficiente para elevar em sete metros o nível do mar, em caso de derretimento total. Foto: Groenlandia 2007

"É muito cedo para proclamar o "futuro apocalipse da camada de gelo". A opinião é de Kurt Kjaer, cientista da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e principal autor de um estudo divulgado na sexta-feira, 3 de agosto, na revista Science, segundo o qual o gelo da Groenlândia parece não ser tão vulnerável quanto se temia a um derretimento que elevaria o nível mundial dos mares.

Um exame de fotos antigas tiradas de aviões revelou um grande afinamento das geleiras no Noroeste da Groenlândia entre 1985 e 1993, escreveram os especialistas da Dinamarca, Grã-Bretanha e Holanda, que também assinam o estudo. Outro pico de derretimento na região durou de 2005 a 2010.

A descoberta dessas flutuações levanta dúvidas sobre as projeções de que a Groenlândia estaria fadada a um derretimento incontrolável, provocado principalmente pelo aquecimento global de causa humana. A Groenlândia contém gelo suficiente para elevar em sete metros o nível do mar, em caso de derretimento total.

Isso é um rompimento em relação ao pensamento anterior de que seria algo que começa, se acelera e vai consumir toda a Groenlândia de uma só vez"
Kurt Kjaer, coordenador do estudo

"A fase de derretimento começa e então para", explicou Kjaer à Reuters. "Isso é um rompimento em relação ao pensamento anterior de que seria algo que começa, se acelera e vai consumir toda a Groenlândia de uma só vez", completou o cientista. Mas Kjaer observou que a camada de gelo não aumentou durante a pausa entre as fases de redução. Segundo ele, os dados por satélite começaram a ser colhidos apenas por volta de 2000, e o uso de fotos aéreas remonta há 15 anos.

Correntes oceânicas

A causa da intensificação na perda do gelo nos anos 1980 não está clara, mas pode ter relação com uma alternação nas correntes oceânicas. A causa subjacente para as mudanças nas correntes é desconhecida. A agência espacial americana (Nasa) informou em setembro que quase toda a superfície da Groenlândia está derretendo, numa rara fase de aquecimento que supostamente se repete a cada século e meio.

Recentemente, um iceberg do tamanho de Manhattan se desprendeu da geleira Petermann, ao Norte da área estudada pela equipe de Kjaer. A falta de dados históricos é um problema para climatologistas que estudam a Groenlândia e a camada de gelo da Antártida, que é bem maior e que poderia elevar o nível global dos mares em até 60 metros caso derretesse totalmente.

Uma comissão científica da ONU apontou que as emissões humanas de gases do efeito estufa, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, causarão mais inundações, secas, ondas de calor e elevação dos mares. Kjaer afirmou, porém, que os especialistas precisam ser cautelosos ao projetarem uma aceleração da elevação dos mares, que atualmente é estimada em 30 centímetros por século.

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