Um enxame de abelhas causou a morte de quatro cachorros e deixou moradores feridos na Rua Banco dos Ingleses, no Campo Grande, na segunda-feira. Os insetos, provenientes de um terreno baldio, invadiram a casa do produtor audiovisual André Nogueira, vizinho ao foco, e se espalharam por toda a rua. “As pessoas saíram correndo, foi uma grande correria. O carteiro jogou as cartas no chão, foi um horror”, conta. André percebeu o ataque por volta das 13h, quando os cachorros começaram a latir muito e o irmão dele, o músico Artur Nogueira, começou a gritar, avisando que as abelhas tinham invadido o espaço onde os animais ficavam. “Desci as escadas correndo e já vi as abelhas em cima dos cachorros, do meu irmão e da empregada”, lembra o produtor. O ataque começou do lado de fora da residência, onde fica o canil, que tem contato direto com o muro do terreno baldio, local em que as abelhas se concentram.
Para tentar salvar os cães, o músico e o produtor conseguiram levar quatro cachorros para dentro de casa, mas nenhum deles resistiu às picadas das abelhas. “Foi um inferno completo”, ilustra o produtor. A maior parte dos insetos entrou pelo basculante, que fica em frente à sala da casa.“A gente conseguiu fechar a porta com as abelhas aqui dentro. Ainda tinham muitas. Foi aí que, do nada, vi aquela nuvem entrando”, lembra André.AmeaçaDiante do desespero, ele se trancou no quarto da tia, de 74 anos, mas alguns insetos acabaram picando a idosa. Foi aí que ele tentou pedir ajuda para tentar solucionar a situação. “A casa infestada e eu ligando para Ibama, Coppa, Zoonoses, e sendo picado pelas abelhas e ninguém podia nos ajudar. A gente estava correndo risco de vida”, diz. Apenas uma viatura da Polícia Militar esteve no local, três horas após o ataque, mas não chegou a tomar providências para eliminar a ameaça. Sem socorro, André teve que improvisar uma forma de se espantar os insetos. “Lembrei que elas não gostam de fumaça, aí acendi incensos, depois juntei jornais e folhas e queimei. Só assim elas foram dispersando, aos poucos”, relata. Como nenhum órgão público faz a retirada de enxames e colmeias, atualmente, André teve que ligar para uma empresa privada. “Eles fizeram o orçamento em 600 reais, mas ainda precisa fazer o serviço”, comenta. Enquanto isso, as abelhas continuam no terreno, próximo às plantas.Confusão Artur, que era mais apegado aos animais, se diz triste com toda a situação. “Perdi meus cachorros. Estou inconformado até agora”. Ele levou cerca de 20 picadas das abelhas, enquanto tentava salvar os bichos de estimação. A perna ficou inchada após as picadas e ele precisou ir até um posto de saúde para ser medicado. Os funcionários do prédio vizinho também foram atacados. Rosângela dos Santos Souza viu um dos dedos da mão ficar inchado após a ferroada.
Eu estava almoçando na hora, quando vi as abelhas entrando. Fechei logo a janela e liguei o ventilador, mas mesmo assim uma ainda conseguiu me picar”, narra a funcionária. O porteiro do prédio também foi alvo dos insetos. Rosângela lembra da confusão na rua. “Foi uma correria que só. O povo saiu gritando pelas ruas com medo das abelhas”, relembra. Uma vizinha da família de André foi tentar entender o que estava acontecendo, mas foi espantada pelo enxame. “Vi aquele monte de abelhas e fugi”, conta a idosa. Promotor: responsabilidade de atender chamados será analisadaDesde janeiro deste ano, nenhum órgão público estadual ou municipal realiza o trabalho de remoção ou extermínio de abelhas, em casos como o ocorrido no Campo Grande. Antes disso, a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa) realizava esse trabalho. Por meio de nota, a assessoria da PM informou que a Coppa “tem como função específica combate ao crime ambiental (pesca com bomba, tráfico de animais silvestres, entre outros), assim como também não é competência do Corpo de Bombeiros”.
A posição, segundo a nota, é respaldada na Instrução Normativa do Ibama nº 141, de dezembro de 2006, que faculta os órgãos de segurança pública a realizar esse serviço. O promotor de meio ambiente Heron Santana Gordilho afirmou que vai cobrar do poder público que alguma instituição assuma a responsabilidade.“Acho um absurdo que nem prefeitura, nem estado tenham um órgão especializado. É necessário tomar uma providência. Vou procurar saber por que não tem um órgão que cuide disso”, diz o membro do Ministério Público.Segundo o ouvidor do Ibama na Bahia, Adelson Cerqueira, muitas pessoas ligam para o órgão pedindo auxílio, mas eles não têm mais para onde encaminhar as solicitações. A única coisa que se pode fazer é ligar para uma empresa privada.“Precisa abrir essa discussão na cidade sobre quem vai fazer esse tipo de trabalho, porque nem todo mundo tem dinheiro para pagar pelo serviço”, defende.Matéria Original Correio 24h: Ataque de abelhas mata cães e fere moradores no Campo Grande
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