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Afoxé Filhos de Gandhy: 65 anos de fé, religião e tradição

Neste Carnaval, a expectativa é de que cerca de oito mil homens participem do desfile que perfuma e veste de paz a folia de Momo na capital baiana

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02/03/2014 às 13:38 • Atualizada em 27/08/2022 às 22:19 - há XX semanas
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Há 65 anos, no dia 18 de fevereiro, desfilava pela primeira vez na avenida um dos mais representativos afoxés da Bahia. Fundado em 1949 por estivadores portuários de Salvador, o Filhos de Gandhy foi uma homenagem ao líder indiano Mahatma Gandhi, que havia sido assassinado um ano antes, e teve seu nome sugerido por Vavá Madeira, uma dos principais fundadores da entidades. No ano de estreia, apesar dos mais de 100 inscritos, apenas 36 participantes saíram com medo da repressão policial. De acordo com Agnaldo Silva, presidente da instituição, o fundador Almir Fialho deu a ideia de mudar a grafia do nome Gandhi, inserindo as letras 'dh' e trocando o 'i' por 'y', para evitar represálias. Uma mistura de preceitos hindus com tradições da África, o afoxé é composto somente por homens e há mais de seis décadas mantém-se firme no seu objetivo de disseminar uma mensagem de paz por onde passar.
Apesar da exclusão, as mulheres estiveram presentes nas primeiras horas de fundação
Apesar da exclusão, as mulheres estiveram presentes nas primeiras horas de fundação do afoxé. Foram as meninas do baixo meretrício do Julião, próximo ao ponto onde o grupo se reunia, que emprestaram boa parte dos lençóis, que deram origem às primeiras fantasias. Atualmente, os figurinos são compostos por um lençol costurado nas laterais e uma pintura na parte frontal com o tema do desfile. No turbante, é aplicado um broche redondo com uma pedra azul para simbolizar os marajás indianos, enquanto os colares, azul e branco, reverenciam os orixás Oxalá e Ogum. Nos pés, sandálias, meias brancas e faixas. Desde sua fundação, o Gandhy passou por diversas transformações. Nos primeiros anos, o bloco saiu cantando marchinhas até começar a compor suas próprias canções em ritmo de ijexá. Com o passar do tempo também foram incorporados novos elementos e membros ao desfile, admitindo-se trabalhadores de outras classes sociais e não apenas estivadores. Em 1974 e 1975, após 25 anos de desfile ininterruptos, enfrentou problemas e ficou sem desfilar no carnaval de Salvador. Carnaval 2014 Todos os anos, antes de tornar a avenida um imenso tapete branco, os Filhos de Gandhy realizam rituais e cumprem diversas obrigações religiosas. Uma das 100 entidades de matriz africana que integram o desfile Ouro Negro no Carnaval, em 2014, o afoxé irá às ruas com o tema "Gandhi, Fé, Religião, Tradição", em mais um ano de homenagens à cultura dos terreiros de Candomblé. A expectativa é de que cerca de oito mil homens participem do desfile que perfuma e veste de paz a folia de Momo na capital baiana.
A novidade este ano é o retorno das alegorias que marcaram outras folias carnavalescas do Gandhy. "Faz muito tempo que não levamos o camelo e o elefante para as ruas. Este ano eles estarão de volta, trazendo, cada um, uma criança", revela Tio Souza. O camelo e o elefante simbolizam força, resistência e remetem à luta de Mahatma Gandhi pela liberdade do povo indiano.
O "tapete branco" da Bahia na Avenida
A banda também apresenta uma nova roupagem, com a direção artística de Elísio Lopes e com Letieres Leite no musical. Apesar das inovações, a identidade rítmica do afoxé permanece sendo o Ijexá, tradição herdada da religião africana. O Carnaval do Gandhy começa no domingo, 2 de março, às 15h, com saída da sua sede, no Pelourinho. Na segunda (3), a concentração acontece às 14h no Farol da Barra e, na terça-feira (4), o afoxé estende novamente o seu tapete branco pela avenida, com saída da Rua Chile, às 15h. Comemorações Os festejos de celebração dos 65 anos do afoxé começaram no início do ano, mas foi no dia 1 de fevereiro que a Banda Show Filhos de Gandhy recebeu diversos convidados especiais no Museu do Ritmo. "Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho, disse Mahatma Gandhi. E é isso que estamos fazendo aqui: festejando!", declarou emocionado Jr. Black e Pedro Silva, vocalistas da banda. Canções tradicionais como 'Patuscada de Gandhy', 'Mazuelo' e 'Gandhy Saiu à Rua' embalaram os passos ritmados do público e dos bailarinos da Ala de Dança do Filhos de Gandhy, que acompanharam a apresentação por toda a noite. Na ocasião, o ilustre afiliado do Afoxé Gilberto Gil foi homenageado pelo músico Tonho Matéria com a música 'Andar com Fé' e, em seguida, foi a vez do cacique Carlinhos Brown prestar sua homenagem ao bloco com 'Muito Obrigado Axé' e 'Ashansu'. Para encerrar, Magary Lord e Peu Meurray puxaram 'Quixabeira', além de uma música composta em homenagem ao aniversário do afoxé.

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